quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Personalidades - Rachel de Queiroz

"As Melhores Crônicas de Rachel de Queiroz" foi organizado por Heloisa Buarque de Hollanda e reúne crônicas publicadas por Rachel de Queiroz em seis livros, abrangendo um período que vai de 1948 ("A donzela e a moura morta") à 2002 ("Falso mar, falso mundo"). Para melhor entender a crônica de Rachel de Queiroz, deve-se ter em mente o que tradicionalmente é uma crônica. Esse é um gênero literário que trata, no geral, de problemas cotidianos, assuntos comuns ao dia-a-dia das pessoas, sendo na maioria das vezes um texto curto. Cada crônica é organizada em torno de um único eixo temático e suas personagens (quando houverem) são normalmente rasas, ou seja, não possuem aprofundamento psicológico e muitas vezes nem possuem nomes. Devido a essas características, por muito tempo discutiu-se se a crônica era de fato um gênero literário ou não.
Porém, por mais que a linguagem empregada por Rachel de Queiroz em seus textos seja considerada "simples" para padrões literários convencionais, esta simplicidade é fruto de intenso trabalho técnico e literário. Não só em suas crônicas, mas também em seus romances e outros textos, a preocupação em escrever de uma "forma simples" é uma característica central de seu estilo. Consequentemente, outra característica importante da escrita de Rachel de Queiroz é a busca por uma linguagem oral e natural.

Crônicas representativas
"O Senhor São João"
Neste texto, a autora usa como ponto central a festa de São João para desconstruir certos preconceitos e estereótipos mantidos pelos moradores das regiões Sul e Sudeste acerca do Norte e Nordeste. Tendo como ponto de partida a ideia de que no Norte o povo passa o ano todo dançando em uma série de festividades, Rachel de Queiroz trabalha a diferença entre os diversos estados e cidades do Norte e Nordeste, dando voz à riqueza cultural destas regiões. As lembranças da infância no Ceará têm grande importância e força na construção dessa narrativa.

"Rosa e o fuzileiro" e "Vozes d’África"
Estes contos fazem parte de uma vasta produção sobre amores impossíveis bem ao estilo Romeu e Julieta. Em "Rosa e o fuzileiro", Rachel conta a história de uma jovem, Rosa, que se apaixona por um fuzileiro naval e que é violentamente agredida por seu pai, que se opunha ao amor da moça. Alguns meses depois, ela reconta a história de Rosa, mas dessa vez sob o ponto de vista do pai, em "Vozes d’África".


"Pátria Amada"
Após uma temporada no exterior, Rachel de Queiroz fala sobre a sensação de voltar ao Brasil. Por mais que, ao estar em solo brasileiro, o que mais se quer é ir para o exterior e fugir de toda a bagunça de nosso país, ao se encontrar distante e se deparar com a bandeira nacional, o que se sente é saudade e vontade de voltar para casa. Rachel de Queiroz, em tom nacionalista, também reflete sobre o que é a pátria. O tema do "retorno" (seja ao Brasil, seja à casa, ou seja o retorno à infância) é um tema bastante recorrente em suas crônicas.

"Sertaneja"
Nesta crônica, o saudosismo e o orgulho de sua terra-natal, o Ceará, aparece com grande força para retratar a vida no sertão. O corrido passar do tempo em uma cidade como o Rio de Janeiro é posto em contraste com o tempo devagar e sossegado da vida no sertão. Este tema do "tranquilo passar do tempo" é discutido em diversas outras crônicas da escritora.

"Não aconselho envelhecer"
Rachel de Queiroz traça nessa crônica uma perspectiva sobre a velhice bastante diferente da do senso comum. Primeiramente, ela discorda do termo "terceira idade", e elenca o que considera diversos prejuízos causados pelo envelhecimento, que para ela é como uma "espécie de HIV a longo prazo".

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