Herança genética influi mais no aprendizado do que o ambiente escolar, diz estudo
(Segundo pesquisa britânica, fator responde por mais de 50% da variação do desempenho entre alunos que compartilham escola e estilo de vida)
Um
dos grandes desafios de professores dos ciclos fundamental e médio é
fazer com que os alunos atinjam o mesmo nível de compreensão em
diversas disciplinas. Um estudo realizado pela King’s College, de
Londres, e divulgado pela publicação científica Plos
One revelou
que essa tarefa pode ser mais difícil do que se imaginava. O estudo
mostra que a herança genética de cada indivíduo pode ter uma
influência maior sobre seu desempenho acadêmico do que o ambiente
escolar e o apoio dos pais, por exemplo.
Para
chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram o desempenho
acadêmico de 5.474 pares de gêmeos de 16 anos de idade no
Certificado Geral de Educação Secundária (GCSE) — espécie de
Enem da Inglaterra e do País de Gales. Entre os jovens, havia 2.008
pares de gêmeos idênticos (monozigóticos) e 3.466 não idênticos
(dizigóticos) — os primeiros têm carga genética idêntica,
enquanto os do segundo grupo compartilham 50% do material genético.
Foram considerados apenas os gêmeos que são criados juntos e
estudam na mesma escola. Foram excluídos aqueles que tiveram algum
tipo de problema durante a gestação.
Foram
levadas em conta as três principais variáveis que podem influir no
desempenho dos alunos: a herança genética, o ambiente compartilhado
entre os gêmeos (escola, local de residência) e o ambiente não
compartilhado por eles (qualquer lugar que apenas um dos gêmeos
frequenta com exclusividade). O resultado da pesquisa mostrou que os
pares de gêmeos idênticos obtiveram notas mais próximas do que os
pares não idênticos. Uma vez que os pares de gêmeos frequentam a
mesma escola e compartilham o mesmo estilo de vida, os pesquisadores
concluíram que essa diferença tem razão genética.
De
acordo com o estudo, mais da metade da diferença de desempenho
escolar entre os irmãos é devida a razões genéticas — 58% em
ciências, 55% em matemática e 52% em inglês. A influência dos
ambientes compartilhados responde por 30% da diferença de
desempenho, em média.
Os
pesquisadores ressaltaram que os resultados não reduzem a
importância do esforço individual para o aprendizado. "Estudos
já demonstraram que frequentar a escola tem, sobre o QI dos
estudantes, o dobro do efeito de um ano a mais de vida fora da
escola", afirmam os pesquisadores. "Ir à escola tem um
impacto substancial, mas, entre crianças que frequentam a mesma
escola, esse impacto se torna relativamente pequeno."
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